terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O Pote de Ouro

    Estava eu, em um belo dia no semestre passado, sentado em minha carteira conversando com alguns amigos a esperar que começasse uma aula de Teoria do Direito I na UFSC, quando entra na sala um cidadão no mínimo estranho.
    Dizia o homem que estava há cinco dias no Brasil e viajava por aí distribuindo livros, seu estilo era, para não ser pejorativo, desapegado; roupas batidas e acessórios gastos, todavia com uma expressão tranquila.
    Ele começou a distribuir um livro a cada um, recebi o chamado "Civilização e Transcendência", trata-se de um livro escrito com base em uma entrevista feita com um importante monge védico, "Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada". Na obra ele mostra alguns princípios do que genericamente se chama aqui no Brasil de "Hare Krishna"; porém não é esse meu foco.
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    Quando cheguei em casa naquele dia não dei muita atenção ao livro, contudo, alguns meses depois peguei-o e comecei a ler.
    Na contracapa do livro, já vi algumas colocações que me puseram para pensar e é delas que me veio inspiração para esse post. Em resumo, o que está escrito lá é que hoje o homem se preocupa em avançar na tecnologia, construir arranha-céus cada vez mais altos e crescer economicamente, já no que ele chama de "civilização védica", as pessoas viviam em suas cabanas, comiam o que a natureza lhes dava e somente se preocupavam, desde crianças, com o desenvolvimento interno, onde reside a felicidade.

    Daí comecei a pensar, vieram algumas perguntas retóricas como "será que a humanidade atual está no caminho certo?" resposta óbvia: não. "Será que vale a pena fazer algo que não nos leve à felicidade" não. "Será que a beleza física ficará conosco por muito tempo?" não. "Será mais interessante trabalhar fora para ganhar coisas fora ou trabalhar dentro para conquistar coisas dentro?" aí começaram as perguntas interessantes e o meu cérebro começou a pegar no tranco! rsrs

    Vou prosseguir fazendo um paralelo entre o homem ocidental e os vedas antigos(hare krishnas); o homem ocidental resolveu desenvolver-se fora, conseguiu. Operou prodígios que se não fossem reais dificilmente seriam acreditados por qualquer um, a cada dia a tecnologia nos brinda com uma inovação, uma nova facilidade, nessa balada, novos horizontes são abertos a cada momento..descobertas frenéticas, curas de doenças e um sem número de outras coisas maravilhosas.
    Já na civilização védica, de dentro de suas humildes cabanas, as pessoas acordam cedo para orar, saudam ao sol que outorga vida a esse planeta, meditam por um certo tempo e se reúnem de modo fraternal para uma ceia frugal(sem gula), comem o necessário para seu sustento, não desejam mais do que têm, simplesmente porque não precisam, aprenderam que precisam vencer seus inimigos internos, seus defeitos. Derrotados estes, vem a iluminação, o arrebatamento interno, o nirvana que trará a verdadeira felicidade: algo permanente, uma felicidade que paira no ar e não vai embora como o efêmero prazer do ocidental.

    Os ocidentais, do alto de seu materialismo, caçoam das pessoas que, mesmo podendo, recusam inserir-se no mundo moderno. Pessoas mais humildes, inocentes, são ditas ingênuas, muitas vezes desprezadas ou exploradas pelos sagazes e astutos capitalistas e aproveitadores de plantão. Obviamente este é um exemplo que estou dando, claro que existem muitas pessoas boas nesse mundo em que vivemos (todas as generalizações são perigosas, inclusive esta rsrs). Mesmo as melhores pessoas do nosso convívio têm seus defeitos e aquelas que procuram eliminá-los sempre, são como um grão de areia no deserto, são raras.
    Nos Vedas, todavia, a eliminação dos defeitos é cotidiana e com o fomento das virtudes vem certa compreensão, quanto mais virtudes, mais compreensão e por fim eles entendem que o que importa é buscar o que não se paga com dinheiro o que desenvolverá nossa alma, alma esta que nos diferencia de um cadáver, um sopro divino de vida que reside provisoriamente nesse corpo e que quando dele sai, toma outros rumos dependendo do que foi capaz de fazer durante a vida.

    A compreensão que move os vedas também é tida pelos ocidentais, no entanto, como disse em outro post, logo é esquecida e não se tem força para por em prática, porque ninguém põe em prática e todos se movem rumo à mesma ilusão que no fim da vida se dissipa e decepciona aos que tiveram ela como objetivo; como um arco-íris que some ao nos aproximarmos. A felicidade que achávamos possível ter depois de casar, ficar rico e etc, não chega. Nunca conseguimos colocar as mãos no pote de ouro ao fim do arco-íris (é daí que vem a história). O pote de ouro está lá, mas não encostamos nele, buscamos o objetivo certo(ser feliz) do jeito errado.
    Será que os vedas não conseguem acessar esse pote de ouro?? será que o caminho certo não está do outro lado da moeda??

Acho que é isso..até a próxima!!

Um comentário:

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